ESPIRITUALIDADE DO FENÔMENO DO REPOUSO NO ESPÍRITO DENTRO DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
Pesquisa realizada por Alexander Silva e Willian Bento
Neste singelo e apreciativo trabalho apresentamos o fenômeno do repouso
no Espírito diante dentro da perspectiva da Renovação Carismática Católica.
Por se tratar de um assunto polêmico em que os diversos “grupos de oração”
parte desta espiritualidade e as diversas críticas entorno de tal fenômeno por
ser simplesmente uma experiência pessoal, embora como já sabemos é no meio da
comunidade que acontece a manifestação do Espírito, como lemos nos Atos dos
Apóstolos nos vários e sucessivos Pentecostes em consonância com Atos 1,8, seja
em expressão de línguas um louvor a Deus ou profecias.
Em alguns casos entende-se o fenômeno negativamente como expressão
de charlatanismo ou dramaturgia, mas buscamos nesta pesquisa através de três
perspectivas elucidar tal problemática com as seguintes propostas: com uma
conceituação do fenômeno do repouso no Espírito, utilizando da tradição
e da escritura fundamentar uma abordagem bíblica e teológica acerca do
fenômeno e, por fim, expressar o fenômeno e sua aplicação comunitária.
Portanto, desejamos uma boa apreciação deste trabalho fundamentado
em ótimas referências teológicas e pastorais à compreensão do fenômeno do repouso
no Espírito dentro de nossas comunidades de base independente do seu
seguimento teológico-pastoral.
1.
O
fenômeno do repouso no espírito
O repouso no Espírito,
fenômeno predominantemente vivenciado pela Renovação Carismática Católica, diz
respeito de uma experiência, de certo modo, que desperta na Igreja como num
todo, controversas e reações diversas. Tal fenômeno também é conhecido como
“cair”, “deslizar”, “oscilar”, “desmoronar”, entre outros. Toda via, para o
“mundo” neopentecostal este fenômeno é denominado como “invadido pelo poder do
Espírito”, Repouso no Espírito. Assim
sendo, percebemos que tal fenômeno está associado a uma experiência subjetiva
da ação do Espírito Santo em cada indivíduo, ou seja, ela parte da experiência
particular do indivíduo e também da ação particular do Espírito. Todos esses
fatos colaboram para as muitas discussões e críticas em volta deste tema.
Segundo Cardeal Suenens, em seu livro O repouso no Espírito: um fenômeno controvertido, diz que o repouso no Espírito “trata geralmente de
um fenômeno de queda involuntária, geralmente para trás, com muita frequência
no decorrer de um serviço religioso de cura ou de oração”[1]. Para
o padre George Montague, “a pessoa é dominada por uma profunda sensação de
bem-estar que lhe causa um relaxamento momentâneo, a tal ponto que cede o
controle de seu sistema motor e desmaia ou cai flácida”[2].
Assim sendo, percebemos que o fenômeno estudado ocorre há muito
tempo, desde alguns séculos não sendo, portanto, um fenômeno desconhecido, mas
se faz presente de muitos graus e maneiras, num primeiro momento nas Igrejas
cristãs históricas, como por exemplo: a Anglicana e a Luterana e agora chega a
Igreja Católica na década de quarenta do século vinte. Porém, há experiências
apresentadas por Santo Agostinho que eram conterrâneas a ele. Na obra A cidade de Deus, Santo Agostinho conta
a história de sete irmãos e três irmãs de uma família nobre da Capadócia, os
quais haviam sido amaldiçoados pela própria mãe. Chegando a festa da páscoa
dois dos filhos: Paulo e Paládia, chegaram a Hipona. Eles iam cotidianamente à
igreja e ficavam de joelhos diante das relíquias de Santo Estevão para pedir a
cura de suas enfermidades.
[...] veio a Páscoa e, no dia do Senhor, pela manhã, diante de
grande multidão, o jovem estava se apoiando nas grades do santuário onde as
relíquias estavam, e rezava. De súbito, veio ao chão, jazendo como se dormisse,
sem tremores como costumava ficar mesmo quando dormia. Todos os presentes,
atônitos! [...] e viram! O jovem se ergueu, não mais tremia, fora curado. [...]
então vieram correndo ter comigo, quando eu já estava paramentado, pronto para
entrar na igreja. [...] a jovem, depois de ter descido dos degraus em que
estivera, fora orar diante das sagradas relíquias e logo que ela tocou a grade,
assim como seu irmão, desfaleceu, como quem cai no sono, e se reergueu curada[3].
Santa Tereza D’Ávila também conta sua experiência,
[...] o Senhor toma este passarinho e o coloca no ninho onde possa
repousar [...] enquanto busca a Deus deste modo, a alma toma consciência de que
está desfalecendo quase completamente, como em um desmaio, com imenso e suave
deleite [...] nesta condição, toda a força exterior se desvanece, enquanto a
força da alma se intensifica [...][4].
No contexto das igrejas pentecostais, o fenômeno do repouso no Espírito, ocorreu no mistério
de John Wesly, fundador da Igreja Metodista. No inicio, era frequente a prática
deste fenômeno, mas, com o decorrer do tempo tal prática se tornou excepcional.
O repouso no Espírito
pode ocorrer em diversos momentos, de profunda oração, dentro ou fora das
igrejas, podendo ocorrer inclusive com delinquentes nas ruas ou até com pessoas
tidas como “santas”, ou seja, pode ocorrer com grande variedade de pessoas.
Durante o repouso, o sentido de percepção e audição do ambiente não se
modificam, isto é, as pessoas permanecem conscientes, podendo ouvir o que estão
a sua volta, mesmo que tais zumbidos pareçam estar longes. É comum acontecer
este fenômeno em ambientes de grande ou pequenas reuniões, podendo inclusive se
dar de forma individual. Normalmente o repouso
no Espírito se dá por meio da imposição de mãos, e independente de quem a
impõem, todavia, pode também acontecer sem que ninguém as esteja impondo.
Segundo testemunhos, a sensação do “cair no repouso no Espírito” é
da pessoa estar sendo empurrada por uma força invisível na testa ou no peito;
as pernas como que se levantam antes de “cair no chão”. Sentem fraqueza que não
resiste e “cai no chão”, “sem peso”, sentido uma presença especial de Deus,
sensação de paz, podendo ter “visões”, “vozes” como mensagens de orientação e
conforto. Porém, há pessoas que sentem o mesmo, mas que não caem no chão.
Em alguns casos há também expressões físicas de tranquilidade,
sorridentes, chorosas, agitadas. Tal agitação se dá quando são “tocadas” em
profundas feridas emocionais ou quando as influências negativas são
substituídas pela presença de Jesus.
No que tange a durabilidade do fenômeno, este variar de minutos até
horas. Todavia, em virtude da liberdade, do ceticismo e da resistência as
pessoas podem resistir a tal experiências, seja por estar num ambiente de não
aceitação ou não compreensão de tal experiência, achando prudente não se expor.
Depois de ter passado pela experiência do repouso no Espírito, a maioria das pessoas afirmam ter tido a
sensação de um reavivamento físico, emocional e também espiritual. Sentem uma
paz interior, uma sensação de leveza, de alegria e de louvação a Deus, que pode
durar horas ou dias. As melhoras das perturbações psíquicas, a cura de feridas
emocionais, de ressentimentos, amor pela oração, pela bíblia, com o encontro
com Jesus Eucarístico são alguns dos frutos que o repouso no Espírito pode dar para quem o prática. Tal fenômeno é
portanto, uma experiência subjetiva com Deus, não necessitando de
“intercessores”. A pessoa é tocada pelo Espírito de Deus para isso é necessário
ter uma atitude de oração simples e profunda, de interceder em humilde
silêncio, permanecendo assim, em pela comunhão com Deus.
2.
Abordagem
bíblica e teológica acerca do fenômeno
No que tange a questão bíblica não existe o relato do repouso no Espírito apenas de pessoas
que se prostram com o rosto em terra.
É óbvio que nos tempos bíblicos não havia nada exatamente similar à
uma cerimônia moderna em que as pessoas se dirigem para a frente, são tocadas e
caem; por outro lado, há muitas referências no Antigo e no Novo Testamento a
pessoas que caíram diante de Deus e parecem ter sido atingidas pelo seu
Espírito[5].
Na Sagrada Escritura nos é apresentada várias referências de quedas
diante da presença de Deus, tanto voluntárias como involuntárias. Diante da
prostração voluntária, que demonstra ação de graças podemos, perceber em Lc
17,15-16: a cura do leproso; Ef 3,14-16: o ímpeto de profunda oração, e também em
Mt 26,39: Jesus no Getsêmani. Diante da prostração involuntária, temos o
exemplo em At 26,13-14: Paulo a caminho de Damasco; Jo 18,4-6: quando Jesus foi
preso, Judas levou os soldados ao Getsêmani. Temos também a prostração
involuntária dominado pela presença de Deus de maneira estática: 2Cr 5,13-14:
na dedicação do tempo de Salomão.
Toda via essas quedas narradas pela sagrada escritura são difíceis
de discernimento, ou seja, se são de fato, um ato de adoração consciente ou se
são de abandono ao poder de Deus numa perspectiva de obediência, assim sendo,
Pe. Maloney, nos diz:
Em todos esses textos, não reconheço o fenômeno do “slain in the
Spirit”. O êxtase não se pode comparar a um desmaio provocado por outro homem,
que não é Jesus Cristo. Não consigo encontrar um paralelo para esse fenômeno.
Sabemos que Pedro, Paulo e outros discípulos preparam e curaram: os Atos dos
Apóstolos dizem-nos com certeza. Mas quase não se tem base para crer quase
pessoas caíssem nesse tipo de repouso quando era implorada sobre elas e
plenitude do Espírito[6].
Por fim tal estudo bíblico comparativo – fenômeno do repouso no Espírito e os textos da Sagrada Escritura - não pode
encontrar raiz na exegese pois ela não pode oferecer com exatidão a
problemática de nosso labor.
3.
O fenômeno
e sua aplicação comunitária
No que tange a dimensão pastoral o documento 53 da CNBB, nos
apresenta que “assembleias, grupos de oração, retiros e outras reuniões
evite-se a prática do assim chamado repouso
no Espírito. Essa prática exige maior aprofundamento, estudo e
discernimento”[7].
Diante dessa afirmação por parte dos bispos, surgiram muitas
discussões em torno do Repouso no Espírito. Dentre elas, a questão de que tal
fenômeno não estivesse associado a uma ação do Espírito Santo, mas sim ao campo
psicológico, mais especificamente ao estado de hipnose ou até de um grau
elevado de emoção. Vale ressaltar que pelo fato do ser humano ser uma
totalidade – corpo, mente e espírito – a argumentação de que possa acontecer
uma mistura entre o psicológico e o espiritual é sempre muito evidente.
Nesta perspectiva, destaca-se o Pe. Robert DeGrandis que foi um
grande pesquisador na área do Repouso no
Espírito. Em seu estudo, ele realiza uma pesquisa com dez psicólogos e doze
médicos que conhecem com muita propriedade, casos de histeria e hipnose[8]. Uma
das perguntas era se tais profissionais consideravam o Repouso no Espírito como uma histeria/hipnose coletiva. Dentre os
psicólogos, sete afirmaram que não se pode associar a ação como uma
histeria/hipnose coletiva, os demais não chegaram a uma resposta especifica. Já
da parte dos médicos, oito dos doze, disseram que também não é nem histeria,
tão pouco hipnose e os demais também não chegaram a uma resposta especifica.
Assim sendo, vale apresentar o que é especificamente uma hipnose.
Em sua grande maioria, para que a hipnose se efetive de fato, é necessário que
haja um diálogo preliminar entre o profissional e o paciente, para que este
siga, os seus comandos. Durante o ato, o paciente perde total ou parcialmente a
consciência e por isso, a obediência à voz do profissional é fundamental. Em
contrapartida, no momento de oração que ocorre o Repouso no Espírito, as pessoas muitas vezes, nem se conhecem e tão
pouco conhecem o pregador ou o padre e assim, não há uma ordem direta a que se
deva obedecer. Outro fato evidentemente diferente é que, durante o Repouso no Espírito, a pessoa não perde
suas faculdades mentais e seus sentidos.
Como psiquiatra, lido com fenômenos psicológicos tais como histeria
coletiva. Também já fui hipnotizado muitas vezes, por diversos motivos. fui à
oração de cura do Pe. DeGrandis porque minha filha sugeriu, sabendo que eu não
estava bem. eu andava deprimido e insatisfeito com minha vida, e ela acreditava
que se eu fosse a um grupo carismático não me sentiria tão solitário. Como
posso diferenciar a experiência do repouso da histeria coletiva? Posso começar
observando a conversa e o comportamento das pessoas. Minha experiência de
oração foi totalmente diferente. Havia certa de 200 a 300 pessoas para a
oração. Ficamos em fila para ser ungidos, todos de frente para a parede, e como
o local era muito grande, eu não tinha ideia do que estava acontecendo do outro
lado. Como estava com os olhos fechados não podia ver quando o Pe. DeGrandis se
aproximaria de mim. Estava cantando baixinho, até que senti algo que me
empurrou para trás. simplesmente soltei o corpo. eu sabia que estava deitado no
chão, mas era como se estivesse flutuando no ar. Tive uma enorme sensação de
alívio e paz. A certa altura, senti ondas de calor indo dos pés à cabeça. Em nenhum
momento senti contato com o Pe. DeGrandis, nem ao menos sua presença física
perto de mim. Levantei-me quando quis e fiquei muito surpreso por sentir tanta
paz. A diferença entre esta experiência e a de ser hipnotizado é que nas
diversas ocasiões em que fui hipnotizado estava sempre em contato com a pessoa
que me hipnotizara. Eu sempre obedecia a certas ordens e diziam-me o que
deveria fazer quando acordasse. O repouso no Espírito foi uma experiência
belíssima que eu gostaria de partilhar com as outras pessoas[9].
Outro fator interessante que o Pe. DeGrandis nos apresenta é que as
pessoas mais simples, dóceis, corajosas e abertas à oração são mais suscitavas
ao repouso do que as mais intelectuais, reservadas e conservadoras. Além disso,
há outros diversos medos que podem não favorecer o Repouso no Espírito, como por exemplo, medo de entrega, medo ou
falta de confiança em Deus, dentre muitos outros. Assim sendo, “parece haver
necessidade de abertura psicológica, bem como de abertura espiritual”[10].
Diante disso, podemos afirmar que Repouso no Espírito desperta alguns problemas na questão pastoral
da Igreja. Todavia, não se pode descartar tal fenômeno, pois ele exige de seus
ministros, uma atitude de discernimento e prudência. O editor da revista
ecumênica Pastoral Renewal, Hevin
Perrota afirma que não se pode confundir experiência espiritual com experiência
emocional. Isso pelo fato de dar abertura de pessoas mais emotivas se
considerarem mais íntimos do Espírito Santo, confundindo assim a dimensão
emocional com o espiritual.
A grande praga desse fenômeno é o “fanatismo” e, no fundo, a grande
carência que leva indivíduos fracos psicologicamente a “fingir” o RNE [repouso
no espírito] para serem olhados e considerados mais “santos”, como pessoas que
se comunicam com o “além”. Por isso, os nossos Bispos nos alertam, no Documento
53: “Evitem-se a prática do assim chamado RNE[11].
Dessa forma, é sempre orientado para que se evitem possíveis
perigos e abusos que a experiência mal discernida do Repouso no Espírito possa suscitar. Não generalizando, mas muitos
podem não estar procurando uma profunda comunhão com Deus, mas sim um modismo
despertado pela curiosidade e pela espera do espetacular ou até pela
exacerbação do próprio ego. Outros ainda procuram tal prática para terem
soluções “mágicas” de suas aflições, problemas, etc. destaca-se que isso pode
acontecer tanto consciente quanto inconsciente.
Por outro lado, pode acontecer que as pessoas que não conseguem
repousar, se culpem ou se frustrem por não terem conseguido tal ação a ponto de
se sentirem inferiores e indignas do amor de Deus para com elas. Pessoas que
pedem oração e depositam sua confiança mais no intercessor do que no próprio
Deus, ou ainda, intercessores que se vangloriam, de modo egocêntrico, de seu “dom”
e levam as pessoas ao repouso a partir de suas próprias pretensões. Tudo isso,
são graves abusos que podem acontecer no âmbito da pastoral, e que é de
“responsabilidade daqueles que estão no ministério de ensinamento estabelecer
orientações e recomendações para que todos os abusos sejam corrigidos”[12].
A partir dessa realidade, surgem algumas orientações pastorais que
deve ser praticadas a fim de que se evite cair nesses abusos. O Repouso no Espírito não deve ser
praticado durante a Comunhão, durante as missas dominicais, em locais públicos
ou em realidades paroquiais nas quais não se está introduzido tal momento de
oração. Deve-se realizar, ainda que de forma breve, uma explicação acerca do
momento de oração na qual se concretize o Repouso
no Espírito para que se evite o espanto, choque ou medo da parte daqueles
que nunca viram ou não conhecem. Destaca-se também uma explanação para que as
pessoas que eventualmente não repousarem, não se sentirem inferiores ou
indignas da ação de Deus ou desprezadas por Ele, pois o Repouso no Espírito não significa afirmar que determinada pessoa
esteja mais próxima de Deus e que Ele a ama mais que outros. E que também
repousar no Espírito não é sinal de mais santidade ou menos santidade.
Tal orientação é justamente para que o fiel (servo ou intercessor)
evite o orgulho ou a autossuficiência. Essa orientação é bem indicada pois o Repouso no Espírito pode ser controlado,
ou seja, o ato de cair ou não está sob o controla da própria pessoa. Para que
tudo seja muito bem discernido e esteja dentro da normalidade, se faz
necessário a constituição de servos ou intercessores que tenham discernimento
acerca dessas realidades afim de que não se cometa os abusos e que tudo seja
mesmo obra e fruto do Espírito Santo. Se faz ainda prudente ter após os
momentos de oração, testemunho daqueles que repousaram, pois “só quem
experimentou o repouso poderá dizer se ele realmente aconteceu”[13].
Por fim, vale destacar um evento que reuniu padres jesuítas adeptos
à Renovação Carismática Católica (RCC), cujo tema central foi exatamente o Repouso no Espírito. dessa discussão se
elaborou um estudo cujo título é: O repouso
no Espírito, elementos de discernimento, cuja conclusão afirma que “levando
em conta os riscos de desvio, a atitude muito prudente dos pastores da Igreja
e, finalmente, o fato de que a vida carismática não depende do “repouso do
Espírito” parece preferível não introduzir ou favorecer esse fenômeno na
Renovação Carismática Católica”[14].
Portanto, o que se observa é uma profunda inclinação ao tema que
gera ainda em nossos dias muitas discussões. Tal prática hoje ficou a cargo de
cada bispo local que define se tem ou não o Repouso
no Espírito em sua Igreja local. Em algumas dioceses é permitido, já em
outras não.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que, desde o princípio a Trindade se faz presente na
história da humanidade. Com Jesus Cristo ficou muito mais evidente o mistério
da economia da Salvação. Assim como no Antigo Testamento,
como no Novo Testamento a experiência da vida no Espírito não é novidade
suscitada pelos movimentos carismáticos.
A efusão do Espírito gerado direta ou indiretamente na
pessoa que se colocar em entrega de oração é uma experiência individual, mas de
caráter comunitário. Pois em todos os relatos apresentados nesta pesquisa e nas
leituras e depoimentos de pessoas que evidenciaram e experimentaram só foi
possível numa entrega individual, de abertura de toda totalidade humana, que
entrando em contato com a totalidade do Espírito perdem o sentido diante de sua
divindade e torna-se possível o contato íntimo gerando conversão, mudança de
caminho e fazendo aquilo que era diferente antes do repouso em sua vida.
Assim como, não relatado por São Paulo aos Coríntios o repouso do Espírito
é um dos dons dado pelo Espírito aos crentes.
O fenômeno é muito frequente, como já mencionado, na Renovação
Carismática Católica que supõem uma missão divina. Missões Divinas, quer dizer,
o envio das Pessoas do Filho e do Espírito Santo, podem ser visíveis ou
invisíveis, que consistem a modalidade da ação santificadora da Trindade nas
nossas almas.
O repouso não é uma nova vinda da Pessoa do Espírito Santo, já dada
no batismo, mas é uma nova efusão das suas graças e das suas manifestações.
Portanto é uma renovação real da relação da pessoa com o Espírito Santo que já
habita e uma experiência de Deus mais íntima, que se abre num conhecimento
amoroso mais ardente. Com efeito, o repouso é o efeito de uma missão divina que
comporta o progresso da vida espiritual e um novo esta de graça santificante,
favorecido pela interseção das mãos de uma pessoa ou da própria abertura
espiritual de cada pessoa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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a vida no coração do mundo. São Paulo: Siquem, 2002.
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Acessado em 18 abr. 2016.
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da ressurreição. Petrópolis: Vozes, 1997.
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA. Disponível em: .
Acessado em: 18 abr. 2016.
SOUZA, Ronaldo José. Ide às encruzilhadas: doutrina social,
renovação carismática e opção pelos pobres. Aparecida: Santuário, 2003.
SUENESS, Cardeal Leon Joseph. O repouso no Espírito: um
fenômeno controvertido. 5ª. ed. São Paulo: Paulus, 2005.
[1] SUENENS, 2005. p.15.
[2] MONTAGUE, Pe. George. Siain in the Splrit – A
Biblical Assenent in Catholic
Ch.arlsnatlc, Paulist Press, Out-Nov. 1977, p.32.
[3] DeGRANDIS. O
Repouso no Espírito, 2009, p. 36-37
[4] Idem, p. 38
[5] DeGRANDIS, 2002,
p. 33.
[6] SUENESS, 2005,
p. 40.
[7] CNBB, 1994, p.
30.
[8] Tal pesquisa
resultou na obra de sua própria autoria, intitulada: O Repouso no Espírito ano
de 1989.
[9] DeGRANDIS.
2009, p. 90.
[10] Idem. p. 96.
[11] Idem, p. 39.
[12] DeGRANDIS,
2009, p. 100.
[13] Idem, p. 99.
[14] SUENENS, 2005,
p. 66.