RESENHA: A natureza da liturgia
LUTZ,
Gregório. A natureza da liturgia. Vida Pastoral, São Paulo, p.
10-16, maio/jun. 2003.
“A liturgia é uma realidade tão rica, que deve ser contemplada de
várias e diferentes pontos de vista, de fora e de dentro” (p. 10), padre
Gregório Lutz inicia seu artigo apontando o desenvolvimento da riqueza da
liturgia e com ela a natureza de sua originalidade. Como ela surgiu e se
transformou no que conhecemos hoje, a partir do Concílio Vaticano II. A
liturgia faz parte integrando do mistério da salvação e é atualização do
exercício do sacerdócio de Jesus Cristo, o sumo e eterno sacerdote.
Em um primeiro momento, o autor busca através da Sagrada Escritura
conceituar a liturgia. Tendo seu início com o povo da aliança que rico de sabedoria
e espiritualidade reconhece eleitos de Deus e povo sacerdotal. A princípio tal
liturgia era compreendida como liturgia do povo consagrado a Deus, naturalmente
aconteceu à institucionalização da mesma, sendo ela privada a uma classe e que
o povo era co-participante. Jesus viveu em meio a este contexto social de
institucionalização da liturgia, seus pais fizeram todos os rituais desde o seu
nascimento até então com o pressagio de sua morte a celebração da Ceia Pascal. A
Ceia Pascal se tornou centro da vida e da liturgia da Igreja e esboço da
História da Salvação, memorial e atualização. Desde então, a Igreja jamais
deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal. Medellin reafirmou o
concílio ao dizer “a liturgia como fonte cume da ação da Igreja” (p. 12) e
consequentemente ponto culminante da humanidade que celebra a vida.
Num segundo momento, o escritor nos aponta a reflexão para o
“exercício do sacerdócio”. O sacerdócio de Jesus é declarado, primeiramente:
“Sacrifício, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelos pecados” (p. 14);
descrevendo o sacerdócio de Cristo um sacerdócio novo, diferente da cultura
judaica, pois ele é aquele que faz sacrifício e se faz sacrifício, Jesus é o
cordeiro sem macha que tira o pecado do mundo (Cf. Jo 1,29). Na liturgia se
exerce o sacerdócio de Jesus Cristo, sendo ele o sacerdócio comum do qual
participa todos os batizados, ou seja, sacerdócio de serviço.
Por fim, a liturgia possui um caráter simbólico sacramental. Jesus
se faz sacramento. Os sete sacramentos brotam desta ação simbólica de Jesus que
transmite significado e significantes apontando sempre para a Graça que é
gratuita. Toda a liturgia não é uma ação meramente humana, e sim, parte da
força criadora de Deus, do impulso do Espírito em sintonia com a ação salvífica
de Jesus, o sumo e eterno sacerdote.