Teologia da Graça no Novo Testamento
Teologia da Graça – Novo Testamento
Partindo dos pressupostos de que
a Graça é um elemento da constituição humana e que possibilita que todos os
homens e as mulheres façam a sua busca pela experiência de graciosidade da
autodoação de Deus. Apontaremos algumas perspectivas bíblicas extraídas do Novo
Testamento que levam ao compromisso com a práxis de Jesus Cristo em vista de
atualizar na concretude das relações sociais e religiosas as raízes da
sistematização da Teologia da Graça.
Antes de entrarmos na compreensão
do Novo Testamento sobre a graça que possui seu fundamento central no evento
Cristo, vale resgatarmos a experiência fundamental do povo de Israel, no Antigo
Testamento, que é a aliança (berit).
A aliança é a base da experiência vetero-testamentária
da salvação, pois é Deus que oferece a experiencia de Graça a vida humana em
todas as suas dimensões, sendo elas pessoal, social, religiosa e política.
Assim compreenderemos que trata-se de um “bem querer” de Deus na vida dos seres
humanos que os conduz Israel a salvação e aliança mesmo diante de seu
afastamento por inúmeras vezes. Tanto que será possível compreender a partir
dos termos hanan (entregar-se com
amor), hén (encontraram favor aos
olhos de) e hesed (procedimento fiel para com a comunhão), termos que exprimem esta relação histórica de experiência de
salvação e retorno a YHWH. Em linhas gerais, no Antigo Testamento encontra-se
esse alimentar-se do desejo de Deus em nossa vida, em vista do desejo de ter,
ser e viver no outro e com o outro, portanto, graça significa a atitude pessoal
de condescendência e benevolência que Deus tem e sua relação com os homens e
mulheres de nossos tempos.
Já no Novo Testamento a
centralidade da graça está no evento Cristo (graça Christi), sendo ele o Logo
encarnado na história humana que designou-se salvar a todos e se assumiu uma
corporeidade humana nos dando de presentes sermos filhos no Filho de Deus Pai.
Isso nos aponta perspectivas moduladas com crescente nitidez nos escritos
neo-testamentários, pois esta graça vem se apresentar com relação à
manifestação definitiva do Pai e a proclamação da ação implica amor,
benevolência e gratuidade. Os Sinópticos anunciam os grandes temas da boa
notícia proclamada por Jesus com palavras e ações, segundo a qual o Reino de
Deus já irrompeu em sua pessoa, ao ele dizer ser ele mesmo a autobasileia. Já as Cartas Paulinas e o
Evangelho de João aprofundam a mensagem, enriquecendo-as de elementos decisivos
que apontaram para a perspectiva de graça, como conceito chave para compreender
a história da salvação, com o termologia Káris,
Charis (bem querer de Deus). Diferente do Antigo Testamento agora não
trata-se apenas de uma categoria, mas alguém, Jesus Cristo que se
manifestou/encarnou-se escatológicamente por amor e amor gratuito de Deus, que
se comunica às suas criaturas chamando-as de filhos. Assim, portanto, propomos
uma breve reflexão do Evangelho de João que por meio de Jesus podemos ver a
graça como salvação e realização da vida eterna.
Para o escritor do quarto
evangelho a insistência em Cristo assinala todo o acontecer da salvação como
graça, sendo a manifestação da glória e a personificação do caminho da verdade
e da vida, tão logo Unigênito do Pai e tão logo feito “cheio de graça e
verdade” (Jo 1,14). O termo charis
aparece umas três vezes, marcando um retorno constante ao mistério do amor que
Deus é e que se difunde nas manifestações do processo histórico salvífico,
sendo a expressão: a) o amor eterno a Pai ao Filho e ao munda; b) o amor do
Filho (encarnado) ao mundo e aos homens; c) o amor dos homens ao Pai, ao Filho
e aos irmãos (Cf. Jo 1,14.16.17).
Geraldo de Mori[1],
em seu estudo sobre a “Doutrina da Graça: história e teologia” vai nos dizer
que: “O Jesus joanino instaura com sua aparição no mundo a crise escatológica
(1,10-12; 3,18-19; 12,47-48), ante a qual o homem deve decidir-se, sem poder
negligenciar a eleição. O que não crê é porque “não quer”: “vós não quereis vir
a mim” (5,40). Com isso, o incrédulo fecha-se à vida (“não quereis vir a mim
para ter vida”). Ao contrário, crer em Jesus é estar salvo”. E que a fé do
quarto evangelista ostenta este caráter cristocêntrico, pois crer significa
assentir à auto-revelação de Jesus e aderir à sua pessoa, sempre supondo a
opção livre do crente, porque a fé é um ato pessoal e responsável de cada
pessoa.
Portanto, a graça Christi que
carrega consigo o termo charis
pressupõem o movimento dinâmico da humanidade em se querer bem, que pela fé conduz a passagem do mundo para Deus e tão
logo para a vida eterna, tendo por plano de fundo a sua filiação do Filho, que
dá a conhecer o Pai, cujo os frutos recebem em abundancia todos aqueles que
creem em Jesus.
otimo
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